terça-feira, 20 de maio de 2014

Santa das Rosas

Nessa semana lembramos, no dia 22/05, de uma das Santas mais queridas da Igreja. Uma Santa pela qual eu possuo um carinho especial: Santa Rita de Cássia, a Santa das Rosas.

Mas antes de falar um pouquinho dela, vamos entender o que é ser Santo e o que o Magistério da Igreja nos ensina sobre santidade. 
A constituição dogmática Lumen Gentium (LG), no seu número 10, afirma que: 

"Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho."

Mais adiante, no seu número 40, a LG nos lembra que o grande autor e consumador dessa perfeição à qual nos convida é o próprio Cristo:

"Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: «sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito»"


Compreendemos então, a santidade com a configuração à Cristo, modelo de perfeição, a quem devemos, como o nosso esforço diário, imitar, de modo que possamos um dia dizer como o Apóstolo São Paulo: 


"Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim."
Gálatas 2:20


O número 40 da Lumen Gentium continua:


"Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Batismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam."


Todos nós, sem exceção, somos chamados à santidade em Cristo. Somos chamados a aperfeiçoar o dom que recebemos no nosso batismo e deixar que, pela graça de Deus, diminuamos para que Cristo cresça em nós. 

É isso que a Igreja chama de Santos: pessoas que viveram de forma tão intensa e verdadeira o Evangelho, que se deixaram levar pela mão do Pai, que aperfeiçoaram de tal maneira seu ser que permitiram que Cristo crescesse nelas, sendo maior que elas próprias jamais seriam. Acreditamos que tais pessoas, não por mérito próprio, mas pela graça de Deus, já compartilham da alegria de ver o Pai face a face, já que sua santidade e perfeição às permitiram conquistar o céu. 

E como sabemos disso? Bom, uma maneira é pelos milagres e graças obtidos quando fiéis ao redor do mundo rezam pela intercessão do santo. Os milagres são um sinal da intimidade daquela criatura com o Pai.

E quanto à Santa Rita?

Santa Rita é o exemplo perfeito de tudo aquilo que a Igreja nos ensina sobre o que é ser santo. 

Ela foi filha, esposa, mãe e freira. 

E em cada momento da sua vida soube viver de maneira exemplar o Evangelho. 



Sua dedicação e seu amor a Cristo foram vividos no altar e na maternidade, no cuidado com os mais pobres e doentes, no dia a dia de uma região atormentada por guerras, na obediência do hábito e na paciência com um marido violento. 

Santa Rita nos ensina, assim como afirma a Lumen Gentium, que é possível sermos santos no nosso próprio estado de vida, com nossas própria preocupações diárias, com nossas contas a pagar, crianças para educar, maridos para amar.


Ela se tornou se tal maneira configurada a Jesus que chegou a receber na própria fronte uma das Suas chagas. Um dia, após ouvir uma pregação sobre a Paixão do Senhor, voltando ao convento, profundamente emocionada com o que ouvira, prostrou-se diante do crucifixo e suplicou ardentemente a Jesus que lhe concedesse participar de suas dores. Naquele momento, uma dor agonizante na testa a fez desmaiar. Ao acordar, o sinal da coroa de espinhos, que a iria acompanhar até a sua morte, já estava marcado no seu rosto. 




Minha mãe uma vez me disse que os devotos de Santa Rita sofrem muito. Acho que, pelo contrário, as pessoas que encontram muitas dificuldades na vida vêem nessa santa um ombro amigo a mais e uma ajuda intercessora junto ao Pai. E por causa dos tantos milagres e tantas graças que os "grande sofredores" alcançam pedindo junto a ela, tornou-se conhecida como a Santa das causa impossíveis. 

Conheci sua história através do filme que posto abaixo. Fiquei encantada e a partir de então a tomei como modelo. Desde aquela época, e porque para mim ela é um grande exemplo de mulher cristã, ao seu lado rezei por um companheiro, por um casamento santo, pelos filhos que agora espero. E como homenagem, uma das bebês que agora carrego (se o sexo se confirmar, rsrs) será chamada Rita. 




segunda-feira, 12 de maio de 2014

Como minha gravidez transformou a minha fé

Para mim, se houve algum dia em que eu duvidei de que queria ser mãe, esse dia passou muito rápido.
Desde muito novinha eu tinha certeza da minha vocação para a maternidade. 

Depois de casada, começou em minha cabeça (na nossa, na verdade) um pensamento constante sobre quando seria a época adequada para começarmos nossa família. 

Eu sempre estive convicta de que tudo acontece de acordo com os planos de Deus e não os nossos. Nossa missão é simplesmente estar abertos à vontade divina.
Mal imaginava o peso e a verdade disso...

No meio de uma temporada fora do Brasil para estudos do meu marido, a grande surpresa: estávamos grávidos.
Longe de ser a situação ideal, não me preocupei por saber que o Pai estava do nosso lado e que, independentemente de onde estivesse, meu marido e minha família sempre me dariam todo o suporte necessário.

Na primeira ecografia, a surpresa se renovou ao descobrirmos que não se tratava de um bebêzinho, mas dois! Isso mesmo! Gêmeos! Pedi por uma milagre e fomos abençoados com dois.

Com o passar das semanas e depois de outra ecografia, soubemos no diagnóstico: gêmeos monoamnióticos, também chamados gêmeos mono mono. 
Se trata de um tipo de gravidez gemelar bastante rara, que ocorre em cerca de 1 a 3% dos casos de gêmeos.
Significa que a divisão do embrião que gerou os dois embriõesinhos ocorreu tardiamente, depois da implantação no útero e, sendo assim, os dois bebêzinhos dividem o mesmo saco gestacional e a mesma placenta. 
Eles estão em contato íntimo um com o outro, como se crescessem no mesmo quarto da mesma casa. Em geral os gêmeos dividem somente a casa, e há ao menos uma membrana que os separa. 

No último final de semana, nos EUA, as gêmeas mono mono Jenna e Jillian nasceram de mãos dadas


Descobrir o tipo de gemelares que temos não significou apenas descobrir que fazemos parte de um grupo seleto de pais ao redor do mundo com esse tipo de gravidez, significou também conhecer os riscos que essa condição apresenta.

O consenso atual é de que, sem supervisão cuidadosa, existe 50% de chance morte dos bebês na barriga. O principal risco é o de enrolamento dos cordões dos dois bebês, causando falta de nutrição de um ou de ambos. Como não existe separação entre eles, o seu movimento no útero faz com que os cordões se entrelassem, correndo o risco de fazerem um verdadeiro nó que impede a circulação sanguínea. 

A grande maioria de gêmeos mono mono nascem às 32-34 semanas, sempre por meio de cesareana. E quase sempre necessitam de passar um tempo na uti neonatal, devido a prematuridade.

Conhecer tudo isso me assustou bastante! Como assim? Depois de tamanha felicidade, meu mundo caía com notícias tão arrasadoras?
Fiz então meu dever de casa. Pesquisei os casos de sucesso, os procedimentos usados, lí artigos e mais artigos. 

Mas como se consolar quando as evidências sugerem o contrário?
Foi aí que eu olhei pra tudo o que tinha passado na minha vida e tive a mais clara certeza de tudo havia sido orquestrado pelo Meu Pai que está no céu.
Toda vida provém Dele.
Antes de serem meus filhos, esses dois bebêzinhos aqui são filhos de Deus.

Compreendi que, mesmo que eu sempre falasse em fazer a vontade Dele, meu coração ainda estava preso em fazer a minha própria vontade.
Foi nesse momento, em eu não podia fazer nada além de esperar e torcer para que tudo ficasse bem, que eu percebi a grande oportunidade de exercer a minha fé com o fervor que eu sempre imaginei ter. Colocar tudo nas mãos de Deus e confiar, só isso. Ele sabe o que é o melhor para mim, para nós.

A minha maior dificuldade sempre foi essa, esse ego que me faz dizer "Seja feita a Vossa vontade" enquanto penso "contanto de esteja de acordo com a minha".
Tudo o que a gente vem passando com essa gravidez (que está correndo super bem, diga-se de passagem), me ensinou a pedir todos os dias: 

"Senhor, me ensine a amar a Vossa vontade. E, mesmo que eu não a compreenda, que eu tenha a coragem de realizá-la. Amém!"

E agora? Não há mais vestígios de medo no meu coração.