sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A pílula e o projeto de Deus

"(...) procurei por absurdos e inconsistências na fé católica que pudessem descarrilhar minhas ideias da inquietante conclusão à qual eu me dirigia, mas o irritante do catolicismo é sua coerência: uma vez que você aceita a estrutura básica de conceitos, todas as outras coisas se ajustam com uma rapidez incrível. 'Os mistérios cristãos são um todo indivisível', escreveu Edith Stein em 'A ciência da cruz'. 'Se entramos em um, somos levados a todos os outros'. A beleza e autenticidade até das mais aparentemente difíceis partes do catolicismo, como a moral sexual, se tornaram claras quando não eram mais vistas como uma lista descontextualizada de proibições, mas como componentes essenciais no corpo complexo do ensinamento da Igreja."
(Megan Hodder, jovem britânica ex-ateia que se converteu ao cristianismo após conhecer o pensamento do Papa Bento XVI, num testemunho sobre sua mudança de vida - leia aqui)

O texto acima é apenas uma parte de um testemunho de conversão de uma jovem britânica. Essa moça, chamada Megan Hodder, consegue expressar de uma forma muito bonita e clara a beleza da fé católica. Seu testemunho me tocou bastante. 

De fato, o trecho destacado foi aquele que mais me tocou e despertou em mim a vontade de falar um pouco sobre uma questão banalizada e uma realidade pouco discutida: o uso das pílulas anticoncepcionais.

Para muitas pessoas (inclusive eu, a algum tempo atrás), o uso de anticoncepcionais se trata basicamente de uma questão de escolha, de liberdade, de controle da própria vida. O que a gente nem suspeita, é que muita coisa está por trás da contracepção oral e nem tudo é colocado às claras para nós, mulheres, pelos médicos, amigos, mídia...

Pessoalmente, muita coisa mudou pra mim quando eu pude ler a encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI. Na verdade, há algum tempo eu já havia tomado a (controversa) decisão de parar de tomar pílulas anticoncepcionais, com apenas alguns meses de casada. Mas a carta papal me ajudou a solidificar a minha decisão e fundamentá-la ainda mais. 

Mas do que trata a Humanae Vitae? Trata da vida humana, como o próprio o nome diz, e da participação do homem de forma maravilhosa no projeto da criação de Deus:

"O problema da natalidade, como de resto qualquer outro problema que diga respeito à vida humana, deve ser considerado numa perspectiva que transcenda as vistas parciais - sejam elas de ordem biológica, psicológica, demográfica ou sociológica - à luz da visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna. E, porque na tentativa de justificar os métodos artificiais de limitação dos nascimentos, houve muito quem fizesse apelo para as exigências, tanto do amor conjugal como de uma 'paternidade responsável', convém precisar bem a verdadeira concepção destas duas grandes realidades da vida matrimonial, (...)O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor, 'o Pai, do qual toda a paternidade nos céus e na terra toma o nome'. O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração e educação de novas vidas."
"(...) pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, ao mesmo tempo que une profundamente os esposos, torna-os aptos para a geração de novas vidas, segundo leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher. Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o ato conjugal conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro e a sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade."

A partir das santas palavras do Papa Paulo VI, pude conhecer melhor algo que eu sempre soube, mas que por conveniência das minhas próprias vontades, escolhia por ignorar: a essência do sexo como ato de geração de vida. Mas isso é tão óbvio, porque a gente continua fazendo questão de tentar mudar? Porque o sexo, quando vivido de forma 'incorreta', é um daqueles "benefícios" de que eu falava em um post a algum tempo atrás.


"§2348 Todo batizado é chamado à castidade. O cristão se vestiu de Cristo, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.

§2349 A castidade há de distinguir as pessoas de acordo com seus diferentes estados de vida: umas na virgindade ou no celibato consagrado, maneira eminente de se dedicar mais facilmente a Deus com um coração indiviso; outras, da maneira como a lei moral determina, conforme forem casados ou celibatários. As pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os outros praticam a castidade na continência:

Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da virgindade. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Nisso a disciplina da Igreja é rica."

A falta de castidade, em qualquer de suas formas, é uma mentira que nos ensinam cada vez mais cedo. Para solteiros e casados, o sexo vivido de forma errada traz uma contraposição entre o que o corpo expressa e o que a alma experimenta: o corpo insinua uma entrega total, insinua um amor pleno, mas a alma revela a falta de compromisso e amor. Para viver a castidade é preciso que o cristão creia que é possível odiar o pecado e buscar a santidade. Mas para odiar esse pecado, essa mentira, precisamos abdicar de todos os benefícios que o pecado nos traz, entre eles o prazer, a sensação de liberdade, de auto-controle. Precisamos abdicar dos peixes, alhos e cebolas do nosso Egito, pois, ainda que nos pareçam apetitosos e tentadores, não queremos viver escravizados. (O lado "bom" da escravidão).

O mundo quer que vivamos escravizados, isso é verdade. E a pílula anticoncepcional exerce papel fundamental nessa trama: sem ela, o sexo livre seria difícil, não é mesmo? E é com ela, principalmente, que o fundamento principal do ato sexual como fonte da vida humana é deturpado.
Assim, para as mocinhas solteiras (como um dia eu mesma já fui) que acreditam que têm o direito de fazer do seu corpo o que bem entenderem e que virgindade é uma instituição opressora criada pela Igreja que já não faz sentido mais, ou para o jovem casal que, numa adolescência duradoura e resistência à maturidade, adiam indeterminadamente a paternidade, os anticoncepcionais surgem como a solução perfeita e milagrosa.

Mas toda essa posição e cultura atual tem que ser discutidas! O que parece liberdade é, hoje, uma ditadura. A ditadura do sexo casual e sem responsabilidade. 
"A Igreja Católica é frequentemente acusada de ser machista e castradora devido à sua posição firme em assuntos sexuais. Para os detratores da fé, a realidade do mundo moderno não comporta mais o radicalismo cristão, por isso, a pregação sobre a castidade não seria somente antiquada, mas inoportuna. Percebe-se, assim, um aumento progressivo no estímulo à sexualidade precoce, que já não poupa nem adolescentes, nem crianças. 
Sucede que as consequências desse tipo de mentalidade têm sido catastróficas. Não obstante o lobby da mídia e de empresas de marketing em cima de imagens pornográficas, os frutos do erotismo hodierno falam por si. Conforme denunciou o arcebispo de La Plata, Argentina, Dom Héctor Aguer, o sexo casual é uma fonte de estresse, sentimento de culpa, arrependimento e tristeza. As declarações foram feitas durante seu programa televisivo semanal, 'Chaves para um mundo melhor', e têm por base vários estudos de universidades americanas." (Risky Business: Is There an Association between Casual Sex and Mental Health among Emerging Adults?)

O beato Papa João Paulo II, em sua grande sabedoria, nos ensina na Encíclica Mulieris Dignitatem sobre o perigo da desvirtuação da finalidade do sexo: "A dignidade da mulher e a sua vocação — como, de resto, a do homem — encontram a sua vertente eterna no coração de Deus e, nas condições temporais da existência humana, estão estreitamente conexas com a 'unidade dos dois'. Por isso, cada homem deve olhar para dentro de si e ver se aquela que lhe é confiada como irmã na mesma humanidade, como esposa, não se tenha tornado objeto de adultério no seu coração; se aquela que, sob diversos aspectos, é o co-sujeito da sua existência no mundo, não se tenha tornado para ele 'objeto': objeto de prazer, de exploração." (Papa João Paulo II, na Mulieris Dignitatem).

Onde falta a castidade, abunda o egoísmo. Onde o egoísmo reina, chega-se, segundo as palavras do Papa, à transformação da mulher como objeto do homem. Não nos enganemos: ainda que a própria mulher se dê como objeto, por sua "livre" opção, ela não passará disso. 

Assim, de uma fonte de liberdade, a pílula se mostra, na verdade, como uma corrente que nos aprisiona. E tem aprisionado muitos homens e mulheres. Além de perda da sua dignidade, a maioria das mulheres que usam pílulas anticoncepcionais não sabem de uma outra horrível realidade que se esconde por trás desta prática: Abortos Ocultos, e é impressionante pensar que esse é um fato tão ignorado.

Você, mulher, que faz uso de anticoncepcionais, já tomou o tempo de ler a bula do seu medicamento e tentar entender o que ali está escrito? Façamos isso agora. Um anticoncepcional bastante usado é o Adoless®.
Na sua bula lê-se:
"(...) compr. ativos brancos com 0,015 mg de etinilestradiol e 0,060 mg de gestodeno (...). A associação gestodeno + etinilestradiol é um contraceptivo oral monofásico, que atua primariamente inibido a ovulação pela suspensão da liberação de gonadotrofina." Aqui a chave é a palavra primariamente. 
Um outro medicamento, de composição idêntica, fabricado por outro laboratório é o Minesse®.
A sua bula, mais detalhada, traz as seguintes informações: "Minesse® é um contraceptivo oral que combina 2 hormônios, o etinilestradiol e o gestodeno. Os contraceptivos orais combinados, que possuem 2 hormônios em sua composição, agem por supressão das gonadotrofinas, ou seja, pela inibição dos estímulos hormonais que levam à ovulação. Embora o resultado primário dessa ação seja a inibição da ovulação, outras alterações incluem mudanças no muco cervical (que aumenta a dificuldade de entrada do esperma no útero) e no endométrio (que reduz a probabilidade de implantação no endométrio)."

O que o primeiro laboratório esconde, o segundo revela de maneira mais honesta. Apesar do que nos é ensinado, as pílulas anticoncepcionais não previnem a gravidez simplesmente pela inibição à ovulação. Essa é sua atuação principal, mas pode acontecer sim de uma mulher, fazendo o uso desse tipo de hormônios, ovular. Mas o que acontece então? As alterações secundárias causadas pela associação de hormônios fazem com que, no caso da ovulação e da fecundação (a partir do ato sexual, obviamente), o embrião não consiga se implantar no endométrio e (pasmem) seja abortado!

Essa é uma realidade que, se fosse amplamente divulgada, faria com que muitas mulheres pensassem duas vezes antes de optar pela pílula anticoncepcional. Mas, intencionalmente ou não, ninguém traz à tona quando se fala das opção de contracepção.

Estamos tão habituados a achar tudo isso normal que não nos damos a oportunidade de pensar bem sobre o mal que fazemos aos nossos relacionamentos, nossa saúde, nossa alma, ao escolher pelo mais oportuno e prazeroso, sem considerar as consequências dessas nossas escolhas. 

Numa última visita médica de rotina, quando informei à doutora que não tomava nenhuma pílula anticoncepcional, ela ficou desconcertada e me avisou com o ar sério do risco iminente ao qual eu estava exposta de conceber um filho. (O que, diga-se de passagem, não é verdade. Quando necessária, a limitação do número de filhos pode ser feita com métodos naturais, muitas vezes mais eficazes que qualquer método artificial). Para aquela médica, assim como para muitas pessoas, nada mais normal que ceder a cada ímpeto humano, a cada desejo do corpo, e utilizar de toda ferramenta que o mundo coloca ao nosso dispor para isso. Cogitar o caminho mais difícil hoje é, de fato, desconcertante.

Por fim, voltando às palavras de Megan Hodder, se entramos em um mistério da Igreja como a sua posição frente aos métodos contraceptivos, vemos sua beleza e autenticidade e o entendemos, não mais como uma proibição descontextualizada e arcaica, mas como um componente essencial no corpo complexo do ensinamento da Igreja e fruto da visão da natureza do ser humano como parte do projeto divino.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tema profundo servido em pratos rasos

Já tem muito tempo que eu não assisto novela. Os motivos são muitos, mas o principal é falta de interesse mesmo. De vez em quando, porém, eu fico sabendo de umas barbaridades que a Globo põe no ar que me dá um alívio gigante de não estar perdendo meu tempo com novela!
A mais recente aconteceu no último dia 23/08, quando foi ao ar a seguinte cena em Amor à Vida:




Aqui, me limito a reproduzir uma carta aberta publicada pelo Movimento Brasil Sem Aborto, direcionada à emissora:

Carta aberta à TV Globo
Autor: Brasil sem Aborto

Carta Aberta à TV Globo a respeito da abordagem  sobre aborto provocado na novela Amor à Vida.

Ilustríssimo Senhor,
Carlos Henrique Schroder
Diretor Geral da TV GLOBO

Em cena da novela “Amor à vida”, no capítulo 82 que foi ao ar no dia 23 de agosto, a Rede Globo entrou com extrema superficialidade e com inúmeros equívocos em debate que merece ser abordado com seriedade e fundamentação. Em evento desconectado do enredo, entra em debate o aborto provocado. O personagem de um médico, chefe da residência médica, afirma que “o aborto ilegal está entre as maiores causas de mortes de mulheres no Brasil”. E afirma também que “infelizmente o aborto ilegal se tornou caso de saúde pública”.

Vamos aos dados oficiais, disponíveis no DATASUS: faleceram no Brasil, em 2011 (último ano a ter os dados totalmente disponíveis) 504.415 mulheres. O número máximo de mortes maternas por aborto provocado, incluindo os casos não especificados, corresponde a 69, sendo uma delas aborto dito legal. Portanto, apenas 0,013% das mortes de mulheres devem-se a aborto ilegal. Comparando, 31,7% das mulheres morreram de doenças do aparelho circulatório e 17,03% de tumores. Estes sim constituem problemas de saúde pública.

Houve também clara confusão entre os conceitos de “omissão de socorro” e “objeção de consciência”, com laivos de intolerância à liberdade religiosa. Desconhecemos que alguma religião impeça seus membros de prestar socorro a “pecadores”. Se assim fosse, inúmeros assaltantes e assassinos que chegam baleados aos hospitais ficariam sem atendimento. Se até um bandido assassino que foi ferido no embate tem direito a atendimento médico, como caberia negá-lo em situações de sequelas do aborto? A cena foi preconceituosa para com as crenças do outro personagem médico, distorcendo-as. Ela parece mesmo pretender trazer confusão para a questão da objeção de consciência, situação em que o profissional de saúde se recusa licitamente a realizar ou participar do abortamento, uma vez que ele se forma para proteger a vida e não para tirá-la.

Sabedores da influência que as novelas possuem na mentalidade do povo, demandamos que haja uma retratação das falsas impressões apresentadas, pois uma emissora deve ter compromisso com a realidade dos fatos. Se a Rede Globo deseja problematizar o debate, que o faça a partir de dados e situações verazes e não apenas reproduza determinados jargões propagandísticos pela legalização do aborto em nosso país.

Brasilia, 23 de Agosto de 2013.

Lenise Garcia
Presidente Nacional

Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente Nacional Executivo

Damares Alves
Secretária Geral


E agora? Quem está na poltrona na frente da TV pensa o que?





quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Tudo que convém a Deus por natureza, convém a Maria por graça..."


"She's here for us. She brings us here."
(Ela está aqui para nós. Ela nos traz aqui.)

Essa frase, que me inspirou a escrever hoje, escutei de um peregrino em Medjugorje, em um documentário. Com essa profissão de fé, ele descrevia a mudança completa na sua vida que se seguiu à sua ida a essa pequena vila no interior da Bósnia-Herzegovina. Tal mudança não teve motivo outro que não Maria. 


Medjugorje é uma grande declaração de amor de Nossa Senhora por nós.
Mas que fique claro, as aparições de Maria não são dogmas de fé. Ninguém é obrigado a acreditar em nenhum dos diversos relatos de aparição de Nossa Senhora se não se impelido a isso. O Catecismo da Igreja afirma no número 67: “No decurso dos séculos tem havido revelações ditas 'privadas', algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é 'aperfeiçoar' ou 'completar' a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja. A fé cristã não pode aceitar 'revelações' que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude. É o caso de certas religiões não-cristãs, e também de certas seitas recentes. fundadas sobre tais 'revelações'”.

Segundo o blog Últimas e Derradeiras Graças, existem registros de 71 aparições de Nossa Senhora ao redor do mundo. Dentre essas, 22 foram reconhecidas pelo Vaticano, 20 não foram oficialmente reconhecidas pelo Vaticano, mas foram aprovadas por Papas, Bispos ou Cardeais, e 29 não são ainda aprovadas pelo Vaticano, mas foram reconhecidas pelos fiéis leigos. (derradeirasgracas.com)
Dentre as aparições reconhecidas por Papas, está a(s) de Medjugorje, reconhecida tanto pelo Bem-Aventurado João Paulo II, quanto por Bento XVI. 

Como eu já disse antes, ninguém é obrigado a acreditar em aparição alguma. Mas, ah se o mundo soubesse da(s) maravilha(s) que se passam naquele cantinho do mundo!


Medjugorje - Bósnia-Herzegovina
Eu sei que no mundo de hoje a gente precisa de fatos para convencer as pessoas de alguma coisa, mas o fato que eu tenho hoje é o meu amor. 
Aprendi a conhecer Maria através de um livrinho maravilhoso (que nem sei se ainda é vendido): Fátima, Aurora do Terceiro Milênio, de João Clá Dias. Nele, o autor faz uma afirmação que mudou a minha vida: O amor de todas as mães do mundo pelos seus filhos, somado, é infinitamente inferior ao amor de mãe Maria por um só de seus filhos. 

E é por isso que eu digo que Medjugorje é uma declaração de amor. Nossa Mãe do céu, demonstrando um amor gigante por nós, se manifesta inicialmente a 6 jovens iugoslavos para nos transmitir importantes mensagens de conversão, e vem se manifestando a 32 anos a humanidade inteira naquele lugar.
E essas mensagens são fonte de muito aprendizado, crescimento e AMOR, muito amor. 

Por muito tempo, eu fui o que São Luis Maria Grignon descreve no seu livro Tratado sobre a Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem como sendo o "Devoto Escrupuloso". O Devoto Escrupuloso é aquele que não se entrega a Maria, com medo que qualquer devoção à Maria o possa desviar de qualquer devoção à Cristo.
Mas como eu estava errada!
A Glória de Maria, que vem de Deus, não diminui em nada a Glória do Pai. Pelo contrário! Maria é a criatura perfeita, que mais amou, que mais adorou, que mais obedeceu a Deus. E tendo encontrado Graça diante Dele, foi Lhe dado participar da Sua Glória antes do fim dos tempos, antes de todos nós.
Maria, ainda que criatura (não nos esqueçamos disso), foi Aquela a quem Deus recorreu para completar os Seus planos de salvação para a humanidade. Deus não precisava de Maria (afinal, Ele é Deus!), mas Ele quis precisar. Ele quis, através daquela mocinha que tanto O amava, enviar o Seu Filho Redentor para o mundo. E assim, A encheu de Graças.
E aquela mocinha, nada mais que uma criatura, foi a responsável pela geração e criação de um Deus feito Homem: Jesus. Jesus que, mesmo sendo Deus, A foi obediente e submisso! Que mistério maravilhoso é esse! Pensar no amor gigante de Cristo por Maria que o levou a ser submisso a essa Mulher.
Quem sou eu para fazer diferente? Quem sou eu para não imitar as ações de Jesus?
Só o que eu posso fazer é, como Ele, amar muito Maria e ser fiel e obendiente à Ela. E, hoje, eu o faço na certeza que minha devoção à Santíssima Virgem de modo algum me afasta de Jesus, mas me aproxima cada vez mais Dele.
E como Maria, pela vontade do Pai, uma vez gerou o Cristo para o mundo, minha esperança é que ela a cada dia mais gere Cristo em mim e na minha vida.

Por fim, encerro com uma reflexão acerca da Perda e Encontro de Jesus no Templo em Jerusalém, que meditamos no 5o mistério Gozoso:


"Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lucas 2, 42-49)

Maria foi uma mãe devotíssima ao seu Filho amado. Imagine a preocupação que deve ter inundado o coração Dela ao perceber que Ele não estava na comitiva que voltava a Nazaré!  Mas imagine também o alívio e a imensa alegria que tomou conta do Seu ser ao reencontrá-lo em Jerusalém!
Penso que hoje o coração de Maria sofre de preocupação ao ver-nos "perdidos". Como mãe que ama imensamente seus filhos (mais que todas mães já amaram todos os filhos da Terra), ela deve estar constantemente aflita e receosa por nós, pelos caminhos errados nos quais nós temos andado.
Mas penso também que a cada filho que ela "encontra", todo o Seu ser se enche de paz e tranquilidade. E sei que para Ela, não há alegria maior do que a de reencontrar seus filhos "ocupados com as coisas de Seu Pai."



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O "lado bom" da escravidão

"Querido Vermebile, 
É com pesar que recebo a notícia de que seu paciente converteu-se ao Cristianismo. (...) Enquanto isso, temos de tentar aproveitar a situação ao máximo. Não há motivo para desespero; centenas de adultos convertidos foram recuperados depois de uma breve temporada ao lado do Inimigo e agora estão conosco. Todos os hábitos do paciente, tanto mentais quanto corporais, ainda estão a nosso favor."
(Cartas de um diabo a seu aprendiz, 
C.S. Lewis)

No trecho acima, retirado do famoso livro Cartas de um diabo a seu aprendiz de C.S. Lewis, o diabo-mestre consola seu aprendiz após a conversão  ao Cristianismo do seu paciente, pessoa pela qual o diabinho é encarregado de desencaminhar e levar para o mal.
Segundo ele, a Conversão não é motivo de desespero e vergonha por parte do diabo-iniciante, já que muitas almas convertidas, após de um curto período na caminho de Deus acabam voltando para o mal. Mas porque? Por insegurança na sua decisão? Por falta de fé?
Não. Ali, o diabo mais experiente lembra de um dos maiores trunfos que eles possuem para levar de volta as pessoas para o pecado: os seus hábitos.

O Pe. Antônio Fortea, no seu livro também muito famoso Summa Daemoniaca, responde na Questão 17 à pergunta: Porque pecamos?
No Summa Daemoniaca, o Pe. Fortea, num esforço teológico, responde a muitas questões acerca da realidade angélica e demoníaca. É importante sabermos que se trata de um esforço teológico porque a esmagadora parte do conhecimento encontrado ali não constitui verdade de fé, mas tentativas humanas, esforços racionais, de se explicar a existência e atuação de anjos e demônios.
Na Questão 17, no entanto, o padre teólogo encontra certa dificuldade em explicar o motivo do nosso pecado. Segundo ele, o pecado é um enigma. Ocorre quando, diante de duas opções, em que sabemos que uma é boa e outra é má, nos sentimos atraídos a escolher a má. E é exatamente isso que torna o pecado interessante do ponto de vista intelectual: "Porque escolhemos o mal sabendo que ele é o mal? Isso é um verdadeiro mistério". (Summa Daemoniaca, J.A. Fortea)

A pesar de não conseguir chegar a uma resposta final, ele nos oferece duas respostas razoáveis para esse questionamento. Em primeiro lugar, ele argumenta que pecamos por fraqueza, o que é verdade, mas não justifica o pecado: "Então, por mais fracos que sejamos sempre podemos resistir". Em seguida, ele nos apresenta uma segunda possibilidade (e é nessa que eu me concentro aqui): "Poderíamos dizer que cometemos o mal pelo bem que conseguimos com ele". Essa explicação, no entanto, a pesar de ser adequada, apenas nos ajuda a entender e não explica cabalmente a razão porque pecamos. Através da nossa inteligência, poderíamos reconhecer que o bem que conseguimos praticando o mal é, na verdade, uma "maçã envenenada" pelo pecado e, por isso, por mais desejável que esse bem nos pareça, a nossa consciência nos diz que não deveríamos escolher essa opção. 

Aqui, entretanto, explicar o motivo pelo o qual pecamos não é o que nos interessa. O fato é que, mais vezes do que gostaríamos, fazemos coisas que nos afastam de Deus e a "maçã envenenada", o bem que obtemos com o pecado, exerce papel central nisso. Como?

Para entendermos os perigos dos benefícios do pecado, do "lado bom" da escravidão, podemos olhar o texto do livro de Números que descreve a ocasião em que os Hebreus, durante sua peregrinação em direção à terra prometida, reclamavam a Moisés pela escassez de alimentos:

"A população que estava no meio de Israel foi atacada por um desejo desordenado; e mesmo os israelitas recomeçaram a gemer: “Quem nos dará carne para comer?, diziam eles. Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos, os melões, os alhos bravos, as cebolas e os alhos. Agora nossa alma está seca. Não há mais nada, e só vemos maná diante de nossos olhos.” O maná assemelhava-se ao grão de coentro e parecia-se com o bdélio." (Números 11, 4-7)


Os Israelitas, olha só!, diante das dificuldades e sacrifícios físicos exigidos no seu caminho rumo à vida de liberdade e abundância prometida por Deus, se tornam seus piores inimigos ao serem tomados "por um desejo desordenado". Chegam ao absurdo de sentir saudade da escravidão no Egito, por causa dos benefícios que eles tinham sob o julgo do Faraó.

Ainda que a posição do povo hebreu naquele momento nos pareça sim absurda, é importante notarmos que essa é a nossa posição com mais frequência do que percebemos. 
A vida de pecado é uma realidade que nos escraviza. Quantas vezes já nos passou pela cabeça: "Eu vivo no erro a tanto tempo, não há mais saída para mim" ou "Faz tempo demais que peco para pensar em sair do pecado"?
Algumas vezes, no entanto, não é o pecado original nem a vida de pecado que nos prende. Pelo contrário, assim como o "desejo desordenado" que tomou os israelitas os impedia de caminhar livres rumo à vida que Deus preparara para eles, é o nosso próprio medo de caminhar em liberdade que nos debilita e, assim, nós nos tornamos nossos próprios inimigos. "Em certo sentido, começamos a parceria com nosso captor em sua tentativa de nos manter escravizados e longe de abundância e plenitude em Deus." (One in a million, Priscilla Shirer)

Aqui, identificamos, por fim, a força dos hábitos que nos mantém algemados ao pecado, e que o diabo ensina ao seu aprendiz a aproveitar, na narrativa de C.S. Lewis.
Sabores fortes e cheiros foram impressos nas memórias dos hebreus, fazendo com que eles ansiassem por aqueles prazeres novamente, e contribuíram para a sujeição de Israel ao Egito.
Em muitas circunstâncias, ao percorrermos o caminho de Deus, na nossa peregrinação pelos nossos desertos, a nossa dependência a certos sentimentos e sentidos que nos faz cair de volta nos erros nos quais nos encontrávamos antes. A todo momento, mesmo depois de abdicarmos do pecado, o Inimigo nos lembra do sabor, da cor e da deliciosa consistência daquela "maçã envenenada". 
A vida longe de Deus tem sempre benefícios e o Inimigo faz questão de garantir que eles sejam viciantes. Assim, somos sempre capazes de nos lembrar dos sabores e temperos que obtemos com o pecado, a pesar de nunca nos lembrarmos de todo sofrimento que passávamos ou fazíamos outros passarem. Os Israelitas, chorando pelos peixes, pepinos, melões, alhos e cebolas, estranhamente não se lembravam de todo sofrimento e trabalho pesado que os capatazes egípcios os faziam passar. 

Mas por que será que nos apegamos tanto ao "lado bom" da escravidão e não nos lembramos das dificuldades da escravidão? Por que somos tomados por "desejos desordenados" e desenvolvemos amnésia espiritual acerca do julgo sofrido?
A verdade é que nós somos como crianças que, vivendo em um mundo de fantasia criado por nós mesmos, nos negamos a ver o lado ruim das coisas. É muito difícil realmente olhar e ver nossa miséria. Junto com os "benefícios", o Inimigo nos faz ter vergonha das coisas que fizemos, para que não queiramos olhar para trás e vê-las de verdade. Apenas nos lembramos das coisas boas. 

Os "benefícios" não são necessariamente coisas ruins e é necessário atenção neste ponto: Não há nada necessariamente errado com o prazer, com os sentidos e sentimentos. O que é errado é sentir saudade do pecado que nos conferia tais benefícios, de forma que, presos ao "lado bom" do pecado, nos tornamos presos novamente ao velho estilo de vida.

Para os Israelitas, era necessário que eles abdicassem da "segurança" e "conforto" de ter seu alimento garantido todos os dias pelos egípcios e confiar na Providência Divina para que eles pudessem continuar no seu caminho rumo à terra onde jorra leite e mel.
Para nós, o que é necessário?
Isso cada um pode responder por si. Mas é um fato que, para experimentar uma vida de plenitude em Deus, precisamos abdicar do "lado bom" dos nossos pecados e, com certeza, isso requer uma decisão difícil de ser tomada e mais ainda de ser vivida.

O que Deus quer que eu deixe para trás hoje? Quais os benefícios que eu tenho que abdicar para viver mais perto d'Ele?

Se nos fizermos essa pergunta a cada novo dia, temos uma chance maior de não desistirmos no meio do caminho, com saudades do nosso Egito.

domingo, 11 de agosto de 2013

Cuidado com suas virtudes...

Eu ando com uma idéia que está tendo uma dificuldade imensa de sair da minha cabeça e vir parar aqui na tela do meu computador.

A uns dias atrás aprendi a importância da prudência e como essa virtude é imprecindível para a prática de todas as demais virtudes.

Mas para começar, vamos ver o que nos diz o Catecismo da Igreja:

"A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir.
'O homem prudente vigia os seus passos' (Pr 14, 15). 

'Sede ponderados e comedidos, para poderdes orar' (1 Pe 4, 7). 
A prudência é a 'reta norma da ação', escreve São Tomás seguindo Aristóteles. Não se confunde, nem com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou dissimulação. É chamada 'auriga virtutum – condutor das virtudes', porque guia as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida. É a prudência que guia imediatamente o juízo da consciência. O homem prudente decide e ordena a sua conduta segundo este juízo. Graças a esta virtude, aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e ultrapassamos as dúvidas sobre o bem a fazer e o mal a evitar." (CIC 1806)


Em primeiro lugar, é importante notarmos que, diferentemente do que a maioria das pessoas acredita, prudência não é a qualidade do cauteloso ou medroso. O prudente é aquele que coloca paixões, medos e sentimentos exagerados de lado para ser capaz de tomar decisões a partir de todas as outras virtudes (a saber: além das teologais - fé, caridade e esperança, as cardeais -  justiça, a fortaleza e a temperança). 

As virtudes conferem facilidade, domínio e alegria para se levar uma vida moralmente boa, com fins à nossa vocação maior que é o céu.
Então é isso! A prática das virtudes é o nosso caminho para a salvação. Mas se o homem virtuoso é aquele que livremente pratica o bem, então todo aquele que pratica o bem tem sua salvação garantida?
Bom, tenho aprendido que não é bem assim. Não basta fazer o bem, mas é necessário fazer o bem pelos motivos certos, isento de paixões, medos e sentimentos exagerados. Isso mesmo! Através da prudência. 
Assim, ações que parecem nascidas de virtudes puras podem ser, na verdade, ser fruto de vaidades, paixões, medos, carências e muitos outros sentimentos não muito louváveis. 

E assim também, podemos dizer que a falta de prudência é causa de vício nas nossas ações, muitas vezes invalidando-as.

Por isso, cabe a cada ato nosso uma análise honesta da nossa força motriz. Porque fazemos o que fazemos? Porque somos quem somos?

Concluo com a principal dúvida que me aflinge nesse dia:
Quando somos caridosos é porque amamos o outro ou porque queremos ser amados?
Devemos ser prudentes até mesmo no amar.

Caridade

Coisa linda é conhecer uma pessoa caridosa.
Não sei se pela raridade que é, hoje, encontrar uma pessoa que ama verdadeiramente seu próximo (e que demonstra isso através de ações), quando a encontramos, nosso coração quase que pára um instante curioso e admirado.

Mas o que é a caridade?

São Tomás de Aquino, na sua Suma Teológica nos ensina que:
"A caridade acrescenta ao amor uma certa perfeição de amor, na medida em que aquilo que se ama é considerado como de preço elevado, como a própria palavra o indica". (Suma Teológica I-II, q. 26, a. 3).

É uma das chamadas Virtudes Teologais.

As virtudes teologais (fé, esperança e caridade) são dons infusos por Deus no momento do Batismo. Deus infunde nas nossas almas, sem nenhum mérito nosso, essas virtudes, que são disposições habituais e firmes para fazer o bem.

"A caridade não significa somente amor a Deus, mas também certa amizade com ele. Essa amizade acrescenta ao amor a reciprocidade no amor, uma comunhão mútua [...] E que isto pertença à caridade consta claramente em 1Jo 4,16: ‘Quem permanece na caridade, permanece em Deus e Deus permanece nele’" (Suma Teológica I-II, q. 65, a. 5).

Mas é importante notarmos que, com relação à a caridade, deve-se ter em conta que o amor a Deus e o amor ao próximo são uma mesma e única coisa, de modo que um depende do outro.
Assim, tanto mais vamos amar ao próximo quanto mais amarmos a Deus e tanto mais amaremos a Deus quanto mais de verdade amarmos ao próximo.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Goebbles e Rousseff

Muita gente adora repetir uma máxima que diz que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. Essas pessoas o fazem sem saber de onde vem essa didátida tão falaciosa. 
Foi Joseph Goebbles, ministro da propaganda de Hitler, quem primeiro disse que repetindo-se uma mentira muitas vezes, ela acaba se tornando verdade.
Joseph Goebbles foi uma das figuras mais importantes do Nazismo alemão. Possuia uma retórica impressionante e sua capacidade de convencimento fez com ele conquistasse um lugarzinho cativo no coração de Adolf Hitler. 
Goebbles foi o responsável por conseguir uma adesão quase que unânime da população alemã à guerra, à mobilização e às ideias de pangermanismo, racismo, eugenia e antissemitismo.
Então parece que uma mentira repetida mil vezes de fato acaba se tornando verdade.

Mas essa é uma das muitas mentiras divulgadas pelo movimento nazista. Uma das usadas a exaustão até mesmo nos dias de hoje, quase 70 anos depois do fim da II Guerra Mundial. Apesar de Goebbles ter se suicidado naquele primeiro de Maio de 1945, sua propaganda continua viva até hoje, atravessou meio mundo e chegou ao Palácio do Planalto.

Repetir uma mentira mil vezes: é isso que a nossa Presidenta tem feito para justificar sancionar o Projeto de Lei 13/2013 (que agora é Lei, né?). Segundo Dilma, a Lei NÃO legaliza o aborto e que, de fato, ela vem para ajudar a PREVENIR os abortos legais. Repetindo esse mantra, inclusive através dos meios de comunicação e da mídia liberal brasileira, ela pode estar conseguindo a adesão de muitos brasileiros. 

Mas vamos ver porque nós sabemos que o que Dilma fala não é verdade. (Assim como não era verdade que Judeus eram ratos espertos que queriam dominar o mundo. Mas Goebbles convenceu uma nação inteira e Dilma está fazendo o mesmo.)

O projeto de lei n°13/2013 foi, na verdade, uma alteração do texto de um projeto bem mais antigo, o PL 60/1999 que, de acordo com o texto final aprovado na Câmara dos Deputados, "Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual." O PL 60/1999 estava parado na Câmara a 11 anos, desde 2002.

Em fevereiro desse ano, o Ministro da Saúde de Dilma, Alexandre Padilha, solicitou ao Presidente da Câmara que esse projeto fosse votado a tempo das comemorações do Dia Universal da Mulher, como uma forma de comemoração.
Assim, a votação desse projeto de lei foi feita sob regime de tramitação de urgência e, numa rapidez espantosa, foi quatro vezes aprovado por unanimidade (uma vez no plenário da Câmara, depois em duas comissões do Senado e finalmente no plenário do Senado) em pouco mais de dois meses.  
O texto do projeto aprovado por unanimidade no Plenário do Senado, encaminhado à Presidência da República e que foi sancionado pela Dilma ontem pode ser encontrado no endereço:
Mas o que diz o projeto aprovado e sancionado?

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O título do projeto afirma que trata do atendimento às pessoas que sofreram violência sexual. O texto do projeto evita propositalmente mencionar a palavra aborto, embora seja disto que o projeto trate. A palavra aborto foi cuidadosamente omitida e o projeto foi tramitado em um regime de urgência conscientemente planejado para que os parlamentares, inclusive os que são totalmente contrários ao aborto, não pudessem perceber o verdadeiro alcance da proposta senão depois de definitivamente aprovado.

O artigo primeiro afirma que os hospitais, - todos os hospitais, sem que aí seja feita nenhuma distinção -, "DEVEM OFERECER ATENDIMENTO EMERGENCIAL E INTEGRAL DECORRENTES DE VIOLÊNCIA SEXUAL, E O ENCAMINHAMENTO, SE FOR O CASO, AOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL".

Atendimento emergencial significa o atendimento que deve ser realizado imediatamente após o pedido, não podendo ser agendado para uma data posterior. O atendimento integral significa que nenhum aspecto pode ser omitido, o que por conseguinte subentende que se a vítima de violência sexual estiver grávida, deverá ser encaminhada aos serviços de aborto. Os serviços de assistência social aos quais a vítima deve ser encaminhada, que não eram mencionados no projeto original, são justamente os serviços que encaminharão as vítimas aos serviços de aborto ditos legais.



Portanto, uma vez o projeto sancionado em lei, todos os hospitais do Brasil, independentemente de se tratarem de hospitais religiosos ou contrários ao aborto, serão obrigados a encaminhar as vítimas de violência à prática do aborto. O projeto não contempla a possibilidade da objeção de consciência.


Na sua versão original, o artigo terceiro do projeto afirmava que o atendimento deveria ser imediato e obrigatório a todos os hospitais integrantes da rede do SUS que tivessem Pronto Socorro e Serviço de Ginecologia, mas a emenda do dia 5 de março de 2013 riscou a cláusula do "PRONTO SOCORRO E SERVIÇO DE GINECOLOGIA", deixando claro que qualquer hospital, por menor que seja, não poderá deixar de encaminhar as vítimas de violência, se estiverem grávidas, aos serviços de aborto. O artigo primeiro sequer restringe os hospitais aos integrantes da rede do SUS.

O artigo segundo define que, para efeitos desta lei, "VIOLÊNCIA SEXUAL É QUALQUER FORMA DE ATIVIDADE SEXUAL NÃO CONSENTIDA".

A expressão "TRATAMENTO DO IMPACTO DA AGRESSÃO SOFRIDA", constante do artigo primeiro do texto original, foi suprimida e substituída por "AGRAVOS DECORRENTES DE VIOLÊNCIA SEXUAL", para deixar claro que a violência sexual não necessita ser configurada por uma agressão comprovável em um exame de corpo de delito. Uma vez que o projeto não especifica nenhum procedimento para provar que uma atividade sexual não tenha sido consentida, e o consentimento é uma disposição interna da vítima, bastará a afirmação da vítima de que ela não consentiu na relação sexual para que ela seja considerada, para efeitos legais, vítima de violência e, se ela estiver grávida, possa exigir um aborto ou o encaminhamento para o aborto por parte de qualquer hospital.

As normas técnicas do Ministério da Saúde publicadas durante o governo Lula afirmam que as vítimas de estupro não necessitam apresentar provas ou boletins de ocorrência para pedirem um aborto dos hospitais credenciados. Basta apenas a palavra da mulher, e os médicos terão obrigação de aceitá-la, a menos que possam provar o contrário, o que usualmente não acontece. Mas pelo menos a mulher deveria afirmar que havia sido estuprada. Agora não será mais necessário afirmar um estupro para obter um aborto. Bastará afirmar que o ato sexual não havia sido consentido, o que nunca será possível provar que tenha sido inverídico.

A técnica de ampliar o significado das exceções para os casos de aborto até torná-las tão amplas que na prática possam abranger todos os casos é recomendada pelos principais manuais das fundações internacionais que orientam as ONGs por elas financiadas. Com isto elas pretendem chegar, gradualmente, através de sucessivas regulamentações legais, até a completa legalização do aborto. É este o propósito do PLC 03/2013. Um dos mais famosos manuais sentido é o manual"INCREMENTANDO O ACESSO AO ABORTO SEGURO - ESTRATÉGIAS DE AÇÃO", publicado internacionalmente pela International Women Health Coalition (IWHC). Foi a equipe do IWHC, que redigiu este manual, a mesma que inventou, no final dos anos 80, o conceito de "DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS", que em seguida, em 1990, passou a ser utilizado pela Fundação Ford, através da qual passou para a ONU em 1994, durante a Conferência de População do Cairo. A fundadora do IWHC foi condecorada, em 2012, pela ONU, com o Population Award, justamente por ter desenvolvido, pela primeira vez, em 1987, o conceito de "SAÚDE REPRODUTIVA".

[American Reproductive Health Pioneer Win 2012 United Nations Population Award:http://unfpa.org/public/home/news/pid/10237]

Nas páginas 8 e 9 do manual "Incrementando o Acesso ao Aborto Seguro - Estratégias de Ação", que menciona várias vezes o exemplo do Brasil, a IWHC comenta:

"Assegurar ao máximo a prestação de serviços previstos pelas leis existentes que permitem o aborto em certas circunstâncias possibilita abrir o caminho para um acesso cada vez mais amplo. Deste modo os provedores de aborto poderão fazer uso de uma definição mais ampla do que constitui um perigo para a vida da mulher e também poderão considerar o estupro conjugal como uma razão justificável para interromper uma gravidez dentro da exceção referente ao estupro. Desde o início dos anos 90 profissionais e ativistas de várias cidades do Brasil estão trabalhando com o sistema de saúde para ampliar o conhecimento das leis e mudar o currículo das faculdades de medicina".


É exatamente isto o que está sendo feito aqui pelo PLC 03/2013 que acaba de ser aprovado pelo Senado. É a virtual legalização do aborto, que bastará ser sucessivamente regulamentada por leis posteriores para poder transformar-se na completa legalização do aborto, com a aprovação unânime de todos os parlamentares, inclusive os que mais ferrenhamente defendem a vida.

Para não deixar dúvidas sobre o que está sendo legislado, o PLC 03/2013 acrescenta, no artigo 3, que o "ATENDIMENTO IMEDIATO E OBRIGATÓRIO EM TODOS OS HOSPITAIS" compreende os serviços listados em sete incisos, o último dos quais foi acrescentado na versão de 5 de março de 2013 e não constava no texo original:

"O FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES ÀS VÍTIMAS SOBRE OS DIREITOS LEGAIS E SOBRE TODOS OS SERVIÇOS SANITÁRIOS DISPONÍVEIS".

É evidente aqui que o projeto está se referindo ao aborto. Apesar de que apenas afirme que trata-se de um fornecimento de informações, não se deve esquecer que o artigo primeiro estabelece ser obrigatório, quando for o caso, o encaminhamento aos serviços de assistência social. Isto significa que todos os hospitais, inclusive os religiosos, estão obrigados a encaminhar qualquer mulher grávida, que alegue ter tido uma relação sexual não consentida, a um serviço de aborto supostamente legal. Mais adiante será muito mais fácil aprovar novas leis, que regulamentem a que hoje está sendo aprovada, para que exijam mais explicitamente o cumprimento do dever hoje, ainda que em linhas gerais, claramente estabelecido.
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O inciso quarto do artigo terceiro do projeto listava, ainda, como obrigação de todos os hospitais, em casos de relação sexual não consentida, "A PROFILAXIA DA GRAVIDEZ". Simultaneamente à sanção, Dilma encaminhou projeto ao Congresso propondo substituir a expressão por "medicação com eficiência precoce para prevenir gravidez resultante de aborto", vulgo Pílula do Dia Seguinte.

(Pouca coisa mudou. Vamos entender porque: a Pílula do Dia Seguinte, por meio de uma carga muito alta de hormônios, retarda a ovulação, impede a fecundação e, caso o encontro com o espermatozóide já tenha ocorrido, não deixa o óvulo se fixar no útero - aborto. Ela é chamada horrorosamente por muitos como "kit-salvação")

Mesmo após muita discussão sobre o assunto e muitos pedidos para que a Presidenta vetasse o PL, ainda assim ele foi sancionado. Não podemos dizer que Dilma foi enganada em sancionar algo sobre o qual ela não sabia. Na verdade, o que ela faz agora é convencer a nação inteira que não se trata de aborto e, inclusive, numa manobra política, concentra sua atenção no uso da pílula do dia seguinte.

Lidado por muitos como um direito da mulher, o aborto está na pauta das discussões políticas desde o advento dos movimentos feministas. Porque, então, existe essa insistência em desviar nossos olhares da Lei como ela é, de convercer-nos de uma mentira pela sua tão intensa repetição?

Acontece que o Brasil, diferentemente do que a mídia quer que você acredite, ainda é um país conservador. De fato, "não é necessário grande esforço para notar o avanço das ideias conservadoras nas últimas décadas em todo o mundo." A maioria da população brasileira ainda é católica ou evangélica, não concorda com casamento entre pessoas do mesmo sexo, respeita a diferença entre os gêneros e, mais importante, abomina a ideia do aborto.

Num cenário como esse, é de se compreender porque a manipulação da propaganda se faz tão importante hoje como na Alemanha nas décadas de 1930-1940. É impossível conseguir a gradativa adesão da população às agendas esquerdistas e liberais afrontando claramente seus valores. 

O problema da violência sexual, não só contra mulheres, mas também contra homens, crianças e deficientes mentais, não é um problema de saúde e, sim, de segurança pública. 

Definitivamente, não é comprometendo a vida de um ser humano recém-concebido que o horror do estupro é remediado!
Os casos de violência sexual só vão acabar quando houver educação, segurança e punição exemplar aos criminosos.


"Nem tudo o que é permitido pela lei civil é licito eticamente"
(Beato Papa João Paulo II)