sexta-feira, 19 de julho de 2013

Discrição: Ato de discernir; capacidade para discernir; discernimento.

Com poucos meses de casada, aos poucos estou aprendendo a valorizar imensamente a rotina. A cada dia acho mais gostoso fazer o que sempre fazemos - juntos. 

Assim, acordamos cedo hoje, como todos os dias.

Logo depois do Bom Dia Brasil, enquanto nos arrumávamos para sair, "escutei" o inicinho do programa da Ana Maria Braga. Começaram o programa com uma música em homenagem à visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro. Com muito entusiasmo, a apresentadora fez até uma coreografia à Sua Santidade. Mas a animação da Ana Maria com a JMJ não começou hoje. No como programa de ontem, recebeu o Pe. Reginaldo Manzotti como convidado para o seu "café da manhã". 

Isso tudo poderia ser muito bacana. Afinal, divulgar um evento católico, homenagear nosso Papa, dar espaço a um Sacerdote, é algo que, no meu ver, falta muito na televisão.

Acontece que a Ana Maria Braga não é católica. A Rede Globo não é uma rede de televisão católica. E é aí que o problema está e a confusão começa.

Pra se ter ideia, numa pesquisa rápida no Google, é possível encontrar diversos episódios em que a apresentadora do Mais Você divulga e prega o Espiritismo. Esse já foi o tema de diversos programas e entrevistas.
Na Globo, quantas já não foram as novelas com temática Espírita?
"A Rede Globo investe pesado na difusão do espiritismo em sua programação. Na teledramaturgia da emissora as figuras do mundo católico como padres, freiras e devotos são apresentados de forma esteriotipada e ridicularizada, bem diferente da retratação dos personagens espíritas." (afeexplicada.wordpress.com)

Não me entendam mal. Eu não estou julgando ninguém aqui. Eu respeito a opção de quem quer que for de ser Espírita (como respeito a opção de serem protestantes, budistas, ateus, etc).
Mas compreendam: o espiritismo é uma religião que é completamente incompatível não só com a religião católica, mas com qualquer religião cristã.

A minha preocupação não é com a vida espiritual da Ana Maria Braga, mas com a das milhões de pessoas que assistem o seu programa e os diversos programas da Globo. 
Vamos ser honestos: infelizmente, são poucas as pessoas capazes de assistir televisão (principalmente a aberta) com discrição. 
Não consigo deixar de pensar nos muitos homens e mulheres que, mesmo sinceros na sua fé e no seu coração, ao verem na Globo uma apresentadora que, em momentos como hoje, parece tão católica e entusiasta da Igreja de Cristo, professa tão constantemente a doutrina espírita.
Esses homens e mulheres, muitas vezes sem o amparo de um bom confessor ou sem acesso a uma direção espiritual, acabam por tentar conciliar nas suas vivências espirituais tudo aquilo que eles aprendem na TV. 
Queria poder dizer que estou subestimando o povo brasileiro na sua capacidade de exercer o discernimento e julgar criticamente aquilo que a mídia lhes passa. Mas sei que não estou. 

É muito importante, portanto, vermos as coisas como elas são: a Ana Maria Braga não é Católica, apesar de querer assim o parecer nesses últimos dias. E, mesmo sabendo que ninguém liga a televisão pela manhã buscando aconselhamento sobre sua religião, devemos estar constantemente nos policiando sobre o quanto do que ouvimos sedimenta na nossa mente. 

"Veja que nós estamos numa sociedade que gosta muito de ser crítica. Nós achamos que é uma coisa muito boa ser crítico. (...) nós vamos ter que enfrentar o problema interno da Igreja Católica. Ou seja, que a maior dificuldade que nós temos não são os nossos irmãos Evangélicos/Protestantes. A pior raça de gente que nós temos são exatamente os católicos, dentro da Igreja Católica, que insistem em se chamar de católicos e, na verdade, já perderam a fé. É como diz o Padre Joseph Ratzinger (isso mesmo, Papa Bento XVI) no seu livro o Novo Povo de Deus: nós vivemos ultimamente a Igreja dos pagãos. (...) no sentido de que nós temos um número enorme de pagãos dentro da Igreja. De gente que já não crê mais. De gente que já perdeu a fé mas insiste em achar que é cristão. É aqui que está a grande dificuldade: são esses "devotos" críticos, (...) pessoas que adotaram e abraçaram a dúvida como estilo de vida." (Pe. Paulo Ricardo - http://padrepauloricardo.org/aulas/a-verdadeira-devocao-a-virgem-maria)

Não gosto muito de teorias de conspiração. Não penso que exatamente que todo mal é praticado deliberadamente por todo mundo com um propósito maior e perverso. 
Mas, ainda assim, penso no nó que a cabeça de muita gente deve ficar vendo televisão nesses últimos tempos: Um dia, o bem é exaltado. No seguinte, o mal é ignorado. Um dia, o Papa é homenageado. No outro, a fé católica é rechaçada. 
Como disse essa semana, aproveitando as palavras de pessoas mais sábias do que eu: "Só há verdadeiro amor pelo bem se houver verdadeiro ódio pelo mal." Ninguém pode ser tudo, nem mesmo a Ana Maria Braga.

Por fim, completo com uma música que gosto muito. Sua letra, numa tradução livre, diz:
"Cuidado, pequenos olhos, com o que você vê, (...) cuidado, pequenos ouvidos, com o que você ouve."
(Slow Fade - Casting Crowns)




Nenhum comentário:

Postar um comentário