segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Teologia sem Deus e o frei polêmico de BH

Chamou-me a atenção pois vivia bem perto dessa igreja em BH e cheguei a frequenta-la algumas vezes quando mudei para o bairro.

Neste fim de semana, o resultado:

O frei não só não foi afastado, como sua volta fez o número de fiéis dobrar!

Fiquei extremamente triste ao ler essa notícia. Por vários motivos. Mas o principal é a falta de informação e de comunhão desses fiéis com a Igreja.

Logo quando fui à paróquia Nossa Senhora do Carmo pela primeira vez, percebi que "uma coisa estranha" acontecia ali. A missa não era a mesma. A liturgia havia sido completamente alterada, mas ainda permaneci por ali por algum tempo. Até que, em um sermão de domingo, o Frei Cláudio afirmou que Cristo nunca condenou o divórcio e que apenas pedia que "o que Deus uniu, o homem faça o possível para não separar". Àquela época eu não sabia muito sobre o ensinamento da Igreja, apenas o básico como muitos católicos. Mas sabia sim que essa história de divórcio não estava certa. Resolvi mudar de paróquia para não endossar esse tipo de ensinamento.

Bom, os anos passaram. Vivo hoje na Espanha e estudo bastante o catecismo da Igreja, sua teologia, seus ensinamentos. E essas notícias sobre a minha antiga paróquia chocaram meu coração e me entristeceram bastante.

Quando a gente estuda o assunto, não é difícil ver a militância do frei Cláudio em relação à Teologia da Libertação e isso é algo muito grave.



O problema é que as pessoas têm uma ideia errada do que é essa ideologia e aderem muito facilmente a ela e aos seus pregadores.

Normalmente, quando alguém fala de Teologia da Libertação, o que as pessoas pensam é em Leonardo Boff ou frei Beto, pobres injustiçados pela hierarquia burguesa da Igreja. Eles se dizem perseguidos, excomungados injustamente. E muita gente de fato crê que suas excomunhões foram injustas. 

Mas não! A Teologia da Libertação é um mal muito grande, que tem corroído a Igreja por dentro, afastando as pessoas da verdadeira comunhão católica e, por consequencia, da verdade de Cristo.

Vamos entender:

Para compreendermos a teologia da libertação, precisamos entender as suas bases ideológicas: o marxismo e o marxismo cultural.

Para Marx, a Teologia e a Religião faziam parte de uma "superestrutura" opressiva. Eram, por assim dizer, "invenções", fenômenos irreais, e, por isso, patológicos. 
Quando Marx afirmava que "a religião é o ópio do povo", o dizia por um motivo básico: enquanto fonte de esperança escatológica, ou seja, de esperança no além-vida, a religião impede que os indivíduos lutem pela sociedade perfeita aqui na terra (meta última do Socialismo - o paraiso na terra).

Com base nessa certeza, o Stalinismo e o Leninismo abordaram o problema pela via política e legal, tentando abolir a religião à força, proibindo manifestações de fé e o culto a qualquer divindade.

Com a queda do muro de Berlim e o fim do Comunismo como sistema econômico, a luta se concentrou no plano ideológico, apoiando-se nas produções filosóficas da Escola de Frankfurt e Gramsci.
A conquista da sociedade perfeita, o paraiso na terra, não seria conseguida pela via da força como Stalin e Lenin pensavam. A sociedade perfeita seria atingida pela via da revolução cultural, da remodelação da sociedade. A derrota das suas estruturas burguesas que a sustentavam até então seria feita pouco a pouco, pela substituição de seus valores. Assim, entendeu-se que o fim da religião (o ópio do povo - um dos pilares burgueses opressores) não seria conseguido pela proibição, mas pela sua remodelação. 
E é aí que nasce a "Teologia" da Libertação.

Podemos dizer, então, que a "Teologia" da Libertação é o "plano B" do Marxismo. É o "Se você não pode vencê-los, junte-se a eles". É a transformação da natureza da Igreja, transformando-a em algo mais compatível com a revolução. 

Mas porque o cristianismo? Porque não existe uma Teologia da Libertação Hindu, ou Budista, ou Xaoísta? Será que eu estou sendo paranóica? Afinal, a TL parece algo honesto, pregando a igualdade, a inclusão, a caridade com o pobre, etc.
Mas acontece que o buraco é bem mais em baixo. 

O cristianismo, de maneira geral, é particular na sua teologia e seu esforço de conciliar aparentes paradoxos através de nossa limitada razão humana.
De acordo com a filosofia cristã (bem como a filosofia clássica de Aristóteles e Platão), o sentido da história, da nossa vida, deve estar na meta-história. Os grande filósofos gregos já entendiam que o sentido de cada coisa está fora dessa coisa. Assim, por exemplo, o sentido de uma caneta não está nela própria e, sim, no uso que fazemos dela: escrever. Portanto, o sentido da história não pode estar na história mesma, deve estar na transcedência: no além-vida.

No lado oposto da filosofia cristã está o existencialismo, por exemplo, que, ao negar completamente o transcedente, chega a conclusão de que a vida não possui sentido algum e só o que há é desespero, náusea e caos.

O Marxismo e a "teologia" da libertação se encontram no meio termo desses dois opostos. O que essa ideologia faz é "empurrar", "adiar" o sentido do hoje. Assim, para eles, o sentido do hoje está no amanhã. O sentido da nossa vida é a sociedade perfeita, o paraíso na terra. 
A TL nega a transcendência, imanentizando o cristianismo. Transfere nossa esperança do reino dos céus para o paraiso da terra, chamado por eles de "reino de Deus". Traz para a história (lembremos: o futuro ainda é parte da história) o que nós esperamos para além da história. 
Assim, podemos dizer que a TL é a aplicação religiosa do Marxismo. É a religião a serviço do partido, que arrebanha os cristãos para sua causa, a luta de classes, a luta pela sociedade perfeita. Pois, como Marx pensava, enquanto os indivíduos continuarem colocando suas esperanças no além-vida, eles deixarãm de lutar pela sociedade perfeita, sem classes, aqui na terra, deixarãm de cumprir seus papéis na revolução.

Mas porque a "Teologia" da Libertação está errada? 
Esse pensamente não somente é desonesto do ponto de vista filosófico, mas contraria o cerne do cristianismo e o ensinamento da Igreja. 
Somente a meta-história soluciona o problema da busca de sentido para a vida. Pois, ainda que "empurremos" para o amanhã o sentido do hoje, que sentido terá o amanhã? Que sentido terá a sociedade perfeita? O sentido da história deve estar no transcedente!
O cristianismo é aqui um alvo importante do pensamento marxista pois, para nós, o transcendente, o logos, irrompeu a história a mais de 2000 anos atrás, se fez carne e habitou entre nós. Pela Encarnação, o que para os filósofos clássicos era inatingível, tornou-se tangível para a humanidade.

Assim, fez-se necessária uma "teologia" que permitisse uma releitura das verdades transcendentes em chave imanente, ou seja, uma "teologia" (mais bem ideologia), que desmentisse o que é dito pela fé cristã se tratar se transcendência, esvaziar de conteúdo transcendente a nossa fé, permitindo aos "fiéis" esperar pelo paraíso aqui na terra e não por esse "paraíso fictício inventado aos longo da história e pregado desonestamente por essa Igreja alienante". E é exatamente isso o que a "Teologia" da Libertação faz: é uma ideologia a serviço de uma engenharia social.

Como cristãos, porque devemos fugir da TL?
Porque, ao esvaziar nossa fé de toda sua transcendencia, nega aspectos básicos como a divindade de Cristo e a nossa Redenção pela sua morte de Cruz.
Como católicos, porque devemos fugir da TL?
Igualmente, para tornar nossa fé compatível com a imanentização marxista, nega pontos chaves de nossa fé: a presença real de Cristo na Eucaristia e seus milagres.

Por fim, peço que oremos juntos para que a Igreja posse se ver livre da "Teologia" da Libertação e para que os Padres que rezam por essa cartilha marxista compreendam o erro de suas convicções filosóficas. Rezemos para que a luz do Espírito Santo brilhe sobre eles e possam ver a verdade contida no Tradição e nas Escrituras.

Padres, como o frei Cláudio, não merecem nosso Ibope, e sim nossa oração piedosa.

Conto com vocês!!

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