sábado, 1 de fevereiro de 2014

Somos todos mendigos

Apenas alguns meses atrás, um amigo meu da arquidiocese de Nova York foi a Roma por uma semana. Ele participava de uma Conferência e no último dia dessa Conferência, depois do almoço, ele foi até uma paróquia para fazer a sua oração da tarde. Enquanto ele subia as escadas, passou por meia-dúzia de mendigos, que são comuns em Roma nas paróquias, mas enquanto ele atravessava as portas, pensou ter reconhecido um dos mendigos.
Sentou-se, tentou rezar, mas ele estava muito distraído. Ele voltou e disse em italiano:
- Eu te conheço?
O cara olhou para cima e disse:
- Sim. Nós fomos para o seminário e ordenados aqui em Roma juntos.
- O que aconteceu? - ele perguntou.
E o mendigo, em seguida respondeu:
- Nem me pergunte! Eu acabei com minha vida! Deixe-me em paz!
- Oh, não! Vou rezar por você! – o padre respondeu.
Naquele momento, ele percebeu que já estava atrasado para a última reunião da Conferência em São Pedro e por isso correu para lá. Naquela tarde, no final da Conferência, os participantes tiveram a chance de se encontrar com João Paulo II para compartilhar seus resultados da Conferência.
Nessas reuniões privadas, cada pessoa tem a chance de subir até o Papa, beijar seu anel, pegar o rosário com seu secretário e dizer algo como "Obrigado", "Eu te amo", "Eu rezo por você" ou "' seja o que for’, Santo Padre", e, em seguida, o próximo na linha vem para frente.
Este sacerdote estava tão tomado pelo que ele tinha acabado de encontrar que, quando ele foi beijar o anel do Papa, disse:
- Eu amo você, ore por meu amigo!
E ele acabou contanto tudo o que tinha acontecido.
Depois que ele deixou a reunião, voltou para a paróquia, para ver se o seu velho amigo ainda estava lá. Apenas dois ou três restavam ali, mas um deles era ele. Enquanto caminhava até ele, o padre disse:
- Acabei de encontrar com o papa e ele está orando por você
O mendigo então disse, com um sorriso cínico no rosto:
- Ah, sim, isso vai resolver meus problemas!
Mas o padre respondeu:
- Isso não é tudo! Ele e o seu secretário expediram um convite para nós dois nos juntarmos a eles para jantar no apartamento papal hoje à noite!
- Sem chance! Olhe para mim! Eu não tenho roupas; não estou limpo como você!
- Você não entende! Você é o meu bilhete, se eu não levá-lo, eu não entro! Eu tenho um quarto de hotel, você pode tomar banho e eu tenho roupas que vão servir!
Então, com relutância, esse mendigo seguiu o sacerdote que o levou para dentro. Ele tomou banho, fez a barba e vestiu-se.
Mais tarde naquele dia, estavam do lado de fora das portas de bronze. A Guarda Suíça deixou-os entrar às 7 horas e eles subiram as escadas de mármore. O secretário do papa estava esperando por eles do lado de fora do apartamento e levou-os para dentro. Quando entraram, o Papa já estava sentado, eles se cumprimentaram, sentaram-se e começaram a conversar.
O primeiro prato, o segundo, e em seguida o prato principal foram servidos. Após o prato principal, o Papa continuou ficou olhando para o padre e fazendo um sinal com a mão. O padre não entendeu, mas o secretário do papa sim. Ele se levantou e disse:
- Vamos lá para fora.
E assim, eles caminharam para o corredor e o padre virou-se para o secretário e disse :
- O que está acontecendo lá dentro?
- Nunca se sabe - o secretário do bispo respondeu.
Eles ficaram lá fora por 3, 4, 5 minutos. Era mais do que 10 minutos depois quando algum sinal foi ouvido e secretário do bispo abriu a porta. Eles entraram e sentaram-se. O local estava em silêncio. Depois que trouxeram a sobremesa, eles comeram, trocaram suas despedidas e saíram noite a fora.
Quando finalmente chegaram à Praça de São Pedro do lado de fora, o padre virou-se para o mendigo e disse:
- O que aconteceu lá?
E o mendigo respondeu:
- Eu não acho que você iria acreditar em mim.
- Bem, experimente - disse o sacerdote.
E ele disse:
- Assim que você saiu, o Papa apertou minha mão e disse: "Padre, você ouviria a minha confissão?
- Ele disse isso a você?
- Isso mesmo!
- O que você disse?
- O que eu poderia dizer? "Eu sou um mendigo!”
- O que ele disse?
- Ele olhou nos meus olhos e responder: " Eu também!" . Então eu continuei: "Mas, Vossa Santidade, eu não sou um sacerdote mais." Ele usou então a frase italiana que diz: "Uma vez padre, sempre padre". "Mas eu não estou em comunhão com a Igreja!" – respondi. Ele então me assegurou que, como Bispo de Roma, ele poderia me restabelecer, naquele lugar e naquele momento, com o meu consentimento. Como eu poderia não dar tal consentimento? Então eu disse que sim.
- E você ouviu a confissão do Papa?
- É. E ele teve que me ajudar com as palavras de absolvição porque tinha passado muito tempo desde a última vez que eu havia confessado alguém!
- Uau! - E então, o sacerdote acrescentou: - Nós ficamos lá fora por mais de 10 minutos. Realmente tomou o Papa tanto tempo para confessar?
E então o mendigo disse:

- Não. Quando ele terminou, eu caí de joelhos e implorei para que ele ouvisse a minha confissão. Foi isso que tomou a maior parte daquele tempo! E antes que você voltasse, ele me perguntou onde tinha me encontrado. Eu disse a ele o nome da paróquia e ele me deu o meu primeiro trabalho como padre novamente. Ele disse: "Eu quero que você vá para aquele bairro e eu quero que você alcance todos os nossos companheiros “mendigos” com a graça da reconciliação, porque é isso que todos nós somos! Somos todos mendigos que Deus adotou e tomou por Seus filhos e filhas!"


* Trecho da pregação de Scott Hahn, importante escritor, teólogo e apologista católico norte-americano, sobre o Sacramento da Confissão.

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