terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Devemos amar

"Creio que uma das maiores barreiras que nos impede de amar verdadeiramente, tal como Deus nos ama, é nossa propensão a julgar a pessoa a quem tentamos amar. Isto supõe particularmente um problema quando o objeto de nosso amor nos magoou de alguma forma, seja na forma de uma traição, uma promessa quebrada ou uma decepção. Costumamos nos esquecer que não somos exatamente exemplos perfeitos de conduta humana (...).
Lembro-me do caso de uma boa amiga espiritual chamada Marie, que em uma ocasião me fez participar de suas impressões acerca de seu extraviado irmão:
- Estava nas últimas, madre - me disse uma tarde em meu escritório -. Começava o dia com bloody marys, tomava três martinis convencionais com o almoço e acabava o dia tomando umas taças no bar na esquina. Não sei como se mantinha, mas conseguia manter as aparências de cara ao mundo exterior. Somente sua esposa e os parentes mais próximos sabíamos o que estava ocorrendo e estávamos sumamente preocupados e enojados com ele. 
'Bem, tratava-se de meu irmão e por alguma razão sua fraqueza me afetava pessoalmente. Sentia-me verdadeiramente ofendida. Incomodava-me o fato de que havendo recebido tanto, uma maravilhosa educação e uma família encantadora, tivesse decidido ridicularizar tudo daquela maneira. Não concebia que pudesse ter o coração machucado ou ter alguma necessidade. Somente via-o como um ser inferior a mim, que se aproveitava de ser excessivamente condescendente consigo mesmo.'
'Optei por rezar. Uma manhã, pedia a Deus que me desse a paciência, a sabedoria ou o que fosse necessário para amar o meu irmão e ajudá-lo. Encontrei-me com uns amigos à hora do almoço e Deus me deu uma pequena lição sobre mim mesma: Quando estava acendendo meu quarto cigarro e pedia à garçonete a terceira xícara de café, logo me dei perfeitamente conta de que eu também era uma viciada. Por alguma razão, provavelmente o fato de que o café e os cigarros são mais aceitáveis socialmente, nunca me ocorreu que eu também tinha uma fraqueza para o excesso. (...) Havia passado anos enojada com meu irmão por minha própria fraqueza. Nem preciso dizer que em pouco tempo consegui conversar muito com ele e dividi seu problema com verdadeira compaixão.'
Marie havia alcançado uma compreensão muito ampla e humilde. Creio que muitos de nós, como Marie, sentimos uma espécia de indignação para com os pecados socialmente ofensivos, como a bebida e as drogas, sem examinar jamais nossos próprios excessos, como a cafeína, a gula, as reclamações e a fofoca. Quando a luz nos permite dar-nos conta de que também não somos perfeitos e que somente pela graça de Deus não nos encontramos na situação daquela pessoa, cresce nossa humildade. Podemos ser mais compassivos. Podemos amar como Deus ama, sem julgar aos demais."

(Retirado de: Madre M. Angélica e C. Allison -
Respuestas, no promesas de la madre Angélica)

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